RICARDO TOMÁS
Nasceu em Lisboa a 9 de Janeiro de 1968. Concluiu o Curso de Formação Profissional de Jovens na área de Serralharia na Companhia Carris de Ferro de Lisboa, o Curso Complementar de Artes Gráficas na Escola Secundária António Arroio e o Curso de Escultura em Pedra no Centro Internacional de Escultura de Pêro Pinheiro. Frequentou o Curso de Desenho Livre do AR.CO..
É citado em "Aspectos das Artes Plásticas em Portugal", Vol. III de Fernando Infante do Carmo.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
2010 – Casa do Brasil, Santarém (Fevereiro); Galeria AQUARIU’S, Guarda (Janeiro). 2009 – Convento dos Frades, Trancoso (Dezembro); Galeria Municipal - Centro Cultural do Morgado, Arruda dos Vinhos; Art Gallery, Carla Firmino, Colares. 2008 – Hospital Garcia de Orta, Almada. 2007 – Galeria de Exposições da DGAJ, Lisboa; Biblioteca Municipal, Portalegre. 2006 - Galeria Municipal, Arruda dos Vinhos; Ayala Galeria, Óbidos. 2005 - Casa do Brasil, Santarém; Hospital Garcia de Orta, Almada; Galeria Municipal, Almeirim. 2004 - Casa Senhorial d’El Rei D. Miguel, Rio Maior; Galeria Municipal, Leiria; Galeria AQUARIU’S, Guarda. 2003 - Banco de Portugal, Lisboa; Galeria Rota d’Artes, Lisboa; Casa Senhorial d’El Rei D. Miguel, Rio Maior; Galeria Municipal, Almeirim; Centro Cultural Malaposta, Odivelas. 2002 - Hospital Garcia de Orta, Almada; Casa do Brasil, Santarém; Galeria Municipal, Almeirim; Galeria Cervejaria da Trindade, Lisboa; Casa da Memória, Odivelas; Galeria Municipal, Arruda dos Vinhos. 2001 - Banco de Portugal, Lisboa; Lapa Gallery, Lisboa. 2000 - Galeria Municipal, Rio Maior; Galeria Pó d'Ouro, Lisboa; Hospital Garcia de Orta, Almada. 1999 - Galeria Cervejaria da Trindade, Lisboa. 1998 - Banco de Portugal, Lisboa; Galeria Municipal, Arruda dos Vinhos; Hospital Garcia de Orta, Almada. 1997 - Galeria "Óptica Conde de Redondo", Lisboa; Galeria S. Pedro, Faro. 1996 - Banco de Portugal, Lisboa; Galeria Municipal, Sobral de Monte Agraço; Galeria Camarro, Barreiro. 1995 - Casa da Cultura, Sta. Iria de Azóia; Galeria Municipal, Arruda dos Vinhos; Banco de Portugal, Lisboa. 1994 - Galeria Solução Arte, Lisboa. 1993 - Galeria Cervejaria da Trindade, Lisboa; Junta de Freguesia, Pontinha.
EXPOSIÇÕES COLECTIVAS
2008 – Hospital Sant’Ana, Parede 2007 – Galeria CeutArte, Lisboa; Bienal Internacional de Artes Plásticas “ SESIMBRA ART SPACES “. 2005 - Galeria Eugénio Torres, Porto; Casa Senhorial d’El Rei D. Miguel, Rio Maior; Galeria Arte Urbana, Leiria. 2004 – Galeria 57, Leiria; Galeria Pedra Guilhim, Nazaré; Galeria Eugénio Torres, Porto. 2003 – Galeria Eugénio Torres, Porto; “CAMINHOS DAS ARTES”, Centro Histórico, Santarém. 2002 – Galeria Réspublica, Santarém; Galeria Eugénio Torres, Porto; Cine-Teatro Alba, Albergaria-a-Velha. 2001 - "ABRIL quase DEZ MIL DIAS DE LIBERDADE", Vendas Novas; Hospital Distrital, Mirandela; GoisArte 2001; Hospital Garcia de Orta, Almada; Galeria Pedro Sem, Lisboa. 2000 - Galeria Pó d'Ouro, Lisboa. 1998 - Galeria Maria Pia, Lisboa; GóisArte '98; Arte Directa, Lisboa. 1997 - Galeria Nova Imagem, Lisboa; I Internacional de Artes Plásticas, Moita. 1996 - Altis Park Hotel, Lisboa; VI Salão Primavera, Paço de Arcos; Hotel Sofitel, Lisboa; Convento do Beato, Lisboa; Galeria Maria Pia, Lisboa; Movimento de Arte Contemporânea, Lisboa; II Exposição Internacional de Artes Plásticas, Vendas Novas. 1995 - Arte Empresas II, Lisboa ; V Salão Primavera, Paço de Arcos; Galeria Cervejaria da Trindade, Lisboa; III Bienal de Artes, Sabugal; III Exposição de Artes Plásticas, Agualva - Cacém; "Escultura(s)", Loures; II Internacional , Ciudad Rodrigo, Espanha; Novo Espaço d'Arte - Lartela, Lisboa; "Da forma e da cor à Música", Vendas Novas; Movimento de Arte Contemporânea, Lisboa. 1994 - "Artistas do Ano de 1993", Galeria Cervejaria da Trindade, Lisboa; II Exposição de Artes Plásticas, Agualva - Cacém; 122º Aniversário da Carris, Lisboa. 1993 - Casa da Juventude, Sacavém; "Festas de Lisboa", Galeria Cervejaria da Trindade, Lisboa; Espaço d'Arte - Solar de Carnide, Lisboa.
OUTROS TRABALHOS
2008, 2006 e 2005 - Criação de Escultura para o Prémio Paridade: Mulheres e Homens na Comunicação Social, iniciativa da C.I.G. (Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, Presidência do Conselho de Ministros) . 2002 - Criação dos arcos das Marchas Populares de Vila Fria, Oeiras. 2001 - Criação de logotipo para "Cena Aberta - Companhia Teatral de Santarém“ e colaboração como cenógrafo em peça de teatro infantil. 1997 - Criação de esculturas ao vivo, Festas da Cidade de Loures. 1996 - "Revisitar o Ferro - sempre", exposição de mobiliário artístico em ferro, Galeria Municipal de Arruda dos Vinhos. 1995 - Criação de logotipo e execução de mobiliário artístico para a Galeria "Novo Espaço d'Arte Lartela".
TEXTOS
Alucinantes, as mudanças que se têm operado ao longo do séc. XX têm dividido o homem "entre o terror de uma desumanidade imprevista ‑ a da mecânica ‑ e o ressurgimento, no fundo do inconsciente, dos terrores mais primitivos, oriundos quase da pré‑história".
O homem do séc. XX está pois perante novos desafios, novas "ameaças", que o deixam perplexo e confundido; é um mundo que o ultrapassa e o domina, "porque escapa à sua compreensão normal".
Apesar desse desencanto, Ricardo Tomás ousa acreditar ainda nos valores da inteligência, da sensibilidade e da amizade. Recorrendo, embora, ao ferro, matéria rude e fria, Ricardo Tomás sonha com um mundo onde dominem os valores como o afecto, o amor e a beleza, aqui corporizados na Mulher, símbolo da Vida e do Futuro.
HÉLDER SANTOS, Director do G.D. do Banco de Portugal
Tudo começou, quando em 1995, sendo eu director do Movimento Arte Contemporânea e estando a fazer pesquisa sobre novos valores, para integrarem uma exposição comemorativa do 2º aniversário desta galeria, o escultor escolhido foi Ricardo Tomás.
A princípio demos conta do desempenho utilitário das suas peças, havendo uma relação imediata com os objectos e materiais. Depois, num segundo estádio, retirou-lhes a função primária, o comum, e põe em circulação objectos novos, com alma própria, à margem de radicalismos vistosos e nisso também assegurando a unicidade de um modo de estar artístico.
Imaginação, ironia e um certo estado de espírito romântico, têm sido as constantes da arte de Ricardo Tomás, reafirmadas na exposição realizada em Setembro passado na minha galeria em Lisboa. Certo que este jovem artista plástico terá uma carreira promissora, assim lhe sejam concedidas asas e ar para que todo o movimento possa ser exprimido, já que sensibilidade, honestidade e perseverança fazem parte do seu carácter.
LUÍS JOSÉ DE VASCONCELOS, Pintor
Ao falarmos de Ricardo Tomás teremos de falar, forçosamente, do trinómio que lhe é indissociável: sensibilidade, poesia, originalidade. Tudo isto é materializado no ferro e na pedra que às mãos de Ricardo Tomás se rendem, desmultiplicando-se em formas, de cambiantes ora suaves e ternas ora intensas e apaixonadas. Despertando emoções, elas insinuam e insinuam-se...deixando espaço livre à reflexão.
Do que conhecemos, o percurso de Ricardo Tomás tem sido permanentemente, pautado pela perseverança e, se atentarmos no seu currículo depressa nos podemos aperceber de que a tenacidade tem sido a sua grande companheira. Com tenacidade dobra o ferro para nos espantar com incontáveis e graciosos corpos de mulher; com tenacidade dá alma e luminosidade à pedra e é com essa mesma tenacidade que procura esculpir, agora, novos trilhos a nível pessoal e artístico. Confiante, Ricardo Tomás deixa para trás uma "vida dupla": trabalhador a tempo inteiro como serralheiro na Carris e de escultor nos, poucos, momentos livres.
Pela frente tem, por certo, um caminho bem mais de acordo com a sua forma de estar e de sentir. Perto da Natureza, liberto do espartilho das horas e finalmente com o espaço tão desejado para montar o seu atelier, Ricardo Tomás pode entregar-se às suas grandes paixões ‑ o ferro e a pedra ‑ e ousar... sem limites!
ANABELA FERNANDES, Jornalista
“PEDRA
A alma se faz e se medra
No corpo que procria a pedra
E os olhos se casam na mão;
Aos meus dedos te lembrei
No sulcante que tracei
Esculpindo a minha paixão...“
JERÓNIMO NOGUEIRA, Poeta
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Armar almas nas labaredas da guerra
Armo as formas modulo
Os ferros em que as bulo
São filigranas da terra
Qu’eu almo e imaculo."
JERÓNIMO NOGUEIRA, Poeta
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Estátuas de mulher ficcionadas,
Ao artista sobrou jeito.
Em pedra bem colorida,
Ou em ferro moldado a preceito,
As mulheres de ferro desta vida
Nunca em pedra serão moldadas.
Certeza no gesto da mão,
E nos golpes firmes do cinzel;
Muito de alma e de coração,
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Mas a sensibilidade do artista,
Em homenagem à pura nudez,
Pôs, discreta, o nu à vista,
Tal como a natureza o fez.
E despida de preconceitos,
Que ao artista sobrou jeito.
Qual pintor com seu pincel,
Paixão na obra que faz.
Parabéns, Ricardo Tomás.
JOÃO CHAMIÇO, Poeta
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(...) algumas considerações cabem aos trabalhos expostos do Escultor Ricardo Tomás. Numa muito cuidada apresentação de matérias polidas, as suas peças lembram, inevitavelmente, vários e grandes Mestres, entre estrangeiros (Brancusi, por exemplo) e nacionais (Cutileiro entre outros), em que o corpo feminino se despe e prevalece.
Com sínteses muito subtis, claro que seria desejável que as suas dimensões fossem outras, mais imponentes e grandiosas, mas não estarão aqui magníficas “maquetas” vivas de futuras (possíveis) esculturas monumentais, agendadas por Instituições Públicas e Privadas, Câmaras Municipais (inclusive a de Rio Maior) e outras? Era bem desejável que sim, pois a qualidade de tratamento que o artista demonstra possuir, o merece. Sobejamente.
Quanto às suas peças de ferro, já possíveis, neste estádio, de serem apresentadas a maiores dimensões, igualmente as suas sintaxes, apuros de construção e ideário, resultam plenamente em obras que fazem pena não ficarem expostas para todo o sempre em átrios, nichos, peanhas de acesso público para gáudio de uma massa indiscriminada de observadores, em plena e demonstrada democratização da Arte. (...)
MOREIRA RIJO, Critico de Arte
(...) Criativas e intrigantes, sensuais e, por vezes, oníricas e irreverentes, as suas esculturas em pedra e aço pintado, instaladas na galeria principal e jardim da Casa do Brasil, levam-nos a questionar, (re)descobrir e (re)interpretar o corpo feminino que prevalece central nesta exposição e na produção do autor.
Na sua aparente busca de uma pré-esquematização (desconstrução?) da figuração do nú feminino, mas que se mantêm (intencionalmente?) tridimensional, no uso dos dois materiais que usa como suporte para a sua linguagem, Ricardo Tomás transporta já o saber em que a procura do belo se funde com o domínio da metáfora e da alegoria enquanto vectores possíveis de indagação e conhecimento, enfim, potenciais caminhos de pertença...)
DUARTE NUNO G. J. PINTO DA ROCHA, Mestre em História
Tenacidade e sensibilidade são duas características que, aparentemente opostas, na obra de Ricardo Tomás se cruzam de forma sublime. São esculturas em pedra ou ferro onde, na maioria das vezes é retratada de forma lírica o corpo feminino.
Da pedra, Ricardo Tomás retira corpos femininos com as características mais sublimes que este pode ter, que são robustez, feminilidade e unicidade. Na sua obra em ferro, a pesquisa é talvez mais no sentido de sintetizar o traçado em linhas sinuosas e harmoniosas, sendo isto provavelmente o resultado do grande conhecimento que tem vindo a adquirir com a sua constante busca. Tratam-se no fundo de obras mais líricas e sintéticas, que apontam já para um caminho de estruturação da obra do artista.
Sem corresponder exactamente a padrões estéticos estandardizados, cada obra é simultaneamente delicada e robusta, conquistando o seu lugar no panorama da escultura contemporânea portuguesa. Tratam-se de obras com um referente concreto e constante, que é o corpo feminino, mas com um realismo muito próprio, que é o do artista, o que confere à obra de Ricardo Tomás o carácter único que tem.
TÂNIA COSTA, Historiadora de Arte